Saturday, December 02, 2006

Gotan Project: A (não) vingança do tango.

Quatro meses depois de terem lotado os Coliseus de Lisboa e do Porto, os Gotan Project regressaram ao nosso país para mais uma apresentação de “Lunático”, o mais recente álbum do trio franco-suiço-argentino, em homenagem ao famoso cavalo de corridas de Carlos Gardel – compositor, cantor e guitarrista argentino.
Lisboa e o Porto foram novamente os destinos escolhidos para um espectáculo que pouco veio acrescentar ao que havia acontecido em Julho. Já lá vão os tempos em que os vingadores do tango conquistavam o auditório com laivos de sensualidade provocados pela garra e volúpia ora de um bailarino, ora de uma tela que cai, ora de um eminen que surpreende.
Mais uma vez o trio chega aos nossos palcos, num tom conformista, parecendo mesmo acomodado ao sucesso já há muito consagrado pelo público português. Aliás, disse Philippe Cohen-Solal ao JN: Não mudamos de espectáculo todos os meses. Mas, ao mesmo tempo, nenhum é igual ao anterior, há sempre uma pequena diferença”. Talvez esteja em “El Norte” tema que não apareceu nos concertos de Julho, porque o restante espectáculo em muito se assemelha a este e ainda com a desvantagem de ser uma repetição. A mesma indumentária branca e vermelha, as mesmas imagens projectadas acabam por ser um sinal de desleixo perante um público que, para já, se tem vindo a manter fiel.
“Differente”, primeiro single de “lunático”, marcou o inicio do espectáculo por onde passaram também “Amor Porteño” com a presença virtual de John Convertino e Joey Burns e “Mi Confessions” com as imagens da dupla de rappers Koxmoz da Argentina entre outros êxitos de Lunático. No entanto, os verdadeiros e apoteóticos aplausos ocorreram sobretudo quando foram tocados alguns dos êxitos de um dos mais aclamados álbuns de 2001, “La revancha del tango”.
O regresso do trio transnacional fica, deste modo, marcado pela falta de garra e comunicação com o público feita em outros momentos. No entanto, o público aplaudiu e aplaudiu e aplaudiu, talvez porque o improvável casamento entre o tango e a música electrónica ainda toca a alma dos portugueses.